Lado neutro, obscuro, existe porque sinto presente nas articulações, no tecido epitelial. Mas do que há na escuridão do olho fechado? Medo.
360°: Aqui está. Não tem nada. Posso seguir. Para frente. Para a direita. Ahhhhhhhhhhhhhh!!!! Um pé!
360°: Meus reflexos demoram 180°.
Medo (ao quadrado).
360°: o lado oposto. O corredor escuro. Penumbra.
360°: Corredor claro.
Já não sei contar os graus, degraus. Degraus na fenda do chão. Ruído. Toc! Toc! É uma batida ou a pata que se movimentou sem que eu tenha visto. Pé. Corrida. Vejo o vão da porta que me serve como saída de emergência. Quantos graus para sair por ela?
Qual é o grau de complicação de ser caolho?
Menos alguns olhos? Tantos olhos não me definem quantos graus para a saída. Tudo bem, a saída é grande. De tantos a tantos graus escapo do pé que insiste em me pisar! A cada lajota, uma nova rua. A cada rua, um novo mundo. Meus olhos me mostram ruas. Umas que se misturam com outras e outras tão distantes uma das outras, mas todas juntas, visivelmente juntas aqui. Quero uma apenas. Fecho, fecho, fecho. Onde está o semáforo que estava agora mesmo nessa rua?
Pééééééé (alarme)
Abre aqui! Não percebe que se você escolher fechar apenas um olho, verá uma miragem e não a realidade? Quem disse que eu não quero ver miragens? Cuidado, que uma parede pode querer se erguer. Não tenho medo de perder mais algumas janelas. Mas assim você vai acabar virando uma mula da lenda. Aquela que não tem cabeça!
Hummmmmmmm!!! Você sabe como isso aconteceu?
Será que ela bateu muitas vezes a cabeça até se desintegrar?Alguém arrancou, ou ela nasceu assim? Ou porque ela é do folclore e tudo que é do folclore tem defeito de fábrica, para me provar que o mundo é realmente concreto?
Aaaaaaaaaaai!
Ih! Não sei, nunca soube, vou pesquisar!
O que foi?
Chutei uma pedra com a úlima pata.
Acho que sangrou!
Consegue ver?
Ta tudo bem!
Posso seguir?
Sim, fale!
Não, o caminho!!!
Ah ta, tchau!
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