sexta-feira, 29 de agosto de 2008


O REI ESTÁ NU


E o Roberto Carlos?
Nunca usa marrom.


E em maçaroca, vai cedilha?
Em cedilha, não vai.
Já muriçoca é alimento pra aranha e não é preciso desembaraçar.
Em desembaraçar, vai cedilha.
Para desembaraçar, não é preciso desembaraço.
Só paciência.
Paciência não é uma ciência, apesar do nome.

E nomes de aranha?
Viúva-Negra não vale, não é nome, é função social ou algo que o valha.
Tarântula é uma grande e peluda, da família das proparoxítonas.
Aranha Marrom é menor e nunca usa Roberto Carlos.
Todas têm veneno, mas só a Armadeira tem segundas intenções.
Já a Aranha D’Água, na verdade, não é uma aranha, é da mesma família da Cobra D’Água, do Copo D’Água e do Pão D’Água.

E a aranha não arranha o jarro, assim como o rato não rói a roupa, nem o jarro arranha a Espanha, nem há qualquer Rei de Roma.
Mas há um Rei de Espanha, o que pode levar a conclusões bem diferentes, embora não seja muito útil para criar trava-línguas.

E línguas?
Língua de sapo é o pesadelo da aranha.
Não, por favor, não me venha com príncipes.
Não quero morrer dando beijo de língua num sapo.

–X– WIRELESS SPIDER –X–
Nunca quero ordenar e desenrolar nada, quando me desperta uma vontade não há tempo, a musica acaba, você se vai e eu fico desenrolando os fios, procurando os nós... Mas não dá tempo, tem fios que são compridos, outros o nó é grande demais... já percebi que não sou boa nisso, mesmo que eu tente ordená-los, eles nunca ficam como vieram do fabricante.

Não sou boa em nós, muito menos em desembaraçá-los
Não sou boa em fios, muito menos em ordená-los

Sem embaraço, não desembaraço
No balanço do meu braço
No colo do seu abraço

Djavan
Fio de seda
Fio dental
Fio de telefone
Telefone sem fio
Fio fio
Filmar
Fio
Fio
Fio
Cabo
Liga aqui, junta aqui, achou meu fio? Conectando...
Achou meu fio Ligia?
Fio terra
Não, não é esse.
Sinapses desconexas.
Liga aqui com acolá, testando...
Não ainda...
Ligue dja, Walter Mercado e seus bidentes... tu tu tu
Conexão errada
Ligue 0800 9991 tu tu tu...
Ligando mattana...
Planeta terra chamando, planeta terra chamando... essa é mais uma edição do diário de bordo de Lucas Silva e Silva... tu tu tu
Menina enrolada, menina tecida, fios que não se ligam, não há tomada......tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu menina morreu como Jesus mas ganhou flores ao final,faltou prestigio. Nada de chocolate para essa menina acima do peso. Sem fio dental, o dente tb pode ficar ruim. Cuide de seus dentes. Fiapos, restos de galinha entre os dentes e seus 6 fios pintinhos.
Alfinete, o que tem haver com fio, ajuda a pregar, pregar na cruz Jesus menina.
Tudo separado cada qual enrolado, ordenado, chato, chateado, guardado com suas qualidades, espero que não tenha mau contato.
Conectando
Contato mau, ai doeu. O gado caçado com corda: fio grosso jogado em direção à sua cabeça e em seguida ganhar o premio do rodeio.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

NO QUE EU PENSO QUANDO EU PENSO EM BASE?


Rúbia se relaciona com a parede. Pisa na parede. Relação entre iconografia e prática corporal. Vocês lembram das imagens?

Rúbia diz (ao final, na fase final, aquela na qual a gente conversa):
Vocês sabem que eu sou a Rúbia, então...

Modificação do contato da base com o chão. Modificação do contato da base com o outro. Modificação da base. Base vira ácido. Ácido + Base = Neutralidade.
Eu fiquei pensando nas coisa que você deveria ter ficado pensando.
Eu fiquei pensando na brevidade do tempo. No respeito ao teatro.
E cheguei à conclusão de que com você não há diálogo. E a gente usa all star.
Veja bem, se a minha cabeça não doesse eu diria que base é o contrário de ácido.

tec tec. tec tec.
As canetas também dizem coisas.
A minha diz ácido hialurônico.
E ácido, eu sei, é o contrário de base.


Como é que as coisas se interrelacionam?
Inter-relacionam é com hífen ou é tudo junto?
Qual é o plural de hífen?
Como é que se anda na parede?
Como é que a minha imagem de auto-reflete em qualquer objeto ou pessoa?
Como é que se têm tantas perguntas e tão poucas respostas?
Como é que eu vôo?
Como é que eu me agarro em você e não te largo mais?
Como é que eu te prendo?

"Prenda-me se for capaz"

Se você pular eu pulo também. Ou te seguro. Mas como?
Como segurar a tua presença?

Por favor, pise na parede.
Por favor, pise no teto.
Por favor, pise em mim.
Por favor, pise no mundo.
Por favor, não pise no chão.
Por favor, não pise no chão de pé descalço. Faz frio.

PAUSA DRAMÁTICA.

sábado, 23 de agosto de 2008

Acho que estou o tempo todo jogando teia... pego de tudo...pneu usado, sapato furado, Nossa Senhora de Aparecida, menos o que gostaria. Cansei de colecionar tranqueiras, meu baú está cheio, andei jogando umas tralhas e agora ele está vazio novamente, acho que o anzol pode ser mais atraente... mas o que colocar para seduzir minha presa? Já coloquei charme, não adiantou a presa comeu e foi embora; já coloquei pimenta, a presa quase morreu; coloquei sorriso, essa quase deu certo mas quando chegou na mão escorregou e foi embora, vou continuar testando coisas... pelo menos nessas eu abraço bastante, você abre o braço...e... espera...espera...espera...
Hey, ninguém está me vendo?
Alo, estou com os braços abertos...
Ei, tô aqui de braços abertos...
Estou aqui para abrir o braço...
Tô aqui para um abraço...

Espera...espera...espera...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008


Tu,

tu,

tu,

tu,

tu,

tu,

tu.

Quis pregar-te à teia da minha conversa,
mas só recebi um sinal de ocupado.

Quis pegar carona em teu andar ligeiro,
mas disseste: “pernas, para que te quero”.

Quis culpar a rede de telefonia,
mas, por fim, não há nem sinal de culpado.

Encontrei pegadas, mas não vejo o rastro
neste emaranhado
de sinais de trânsito.

Esporte radical

A aranha desce do teto.
E pousa sobre as coisas.
Esporte radical em câmera lenta.
Bungee-jumping em corda de seda.


Caiu na web, é peixe

O mosquito é o peixe. A aranha, o pescador.
A pressa é a presa. A paciência, o predador.


Rotina

De segunda a sexta, pescar.
No fim de semana, esportes radicais.

terça-feira, 19 de agosto de 2008


E se cada pedaço fosse o todo de um sonho?
E se eu começasse a escrever muito depressa?
E se minhas pernas me obedecessem?
E se as minhas mãos sustentassem o peso da minha cabeça?
E se eu entregasse a minha cabeça pra você?
E se cada cabeça soubesse andar sozinha?
E se eu não estivesse naquela incansável procura de “como acabar com o meu coração”?
E se eu encontrasse uma cadeira de rodas pra minha cabeça e uma muleta pro meu coração?
E se eu fosse eu, você e todos nós?
E se o se não fosse um advérbio de condição?
E se eu tivesse um condicionamento melhor?
E se eu fosse a Mel Lisboa
E se eu fosse tudo menos minha cabeça e meu coração?
E se não houvesse os bares de Curitiba, os cafés que queimam a ponta da língua e a chuva no meu all star?
E se o Djavan morresse?
E se cada minuto pudesse ser congelado?
E se o gelo não derretesse?
E se a primavera chegasse logo?
E se a base não precisasse do acido?
E se o pó viesse antes da base?
E se a base fosse atacada?
E se a base colorisse minhas unhas?
E se a base não fosse meu cabeção e tampouco meu coração?E se esse poemas bobos não precisassem de final?
Tudo vai passando
Você vai vendo coisas
mas elas são rapidas demais pra vc

É disfarçar que nada acontece. Guardar tudo aqui dentro. E sentir um endurecimento. Eu sei que parece que nada acontece. Mas tudo turbilha. E por isso turbilha. Por saber que não vai sair daqui. Que tudo vai ficar aqui. E só esvaziar os pulmões, a cabeça, o coração e então sentir apenas frio.

Controlar.

Percebendo que as extremidades estão congelando. Mas o coração ainda não.

Respirar

Lá e agora. Disfarçando o que se quer extravasar. Mas pra quem? Pra você mesma isso já acontece. Só que em silêncio.

Na sua cabeça você cria historia, bola textos. Mas sabe que eles ficaram pra sempre aqui

Assim como a lagrima que teima em sair. Mas vc controla.

Controle

Um suspiro profundo.... Lá fora não

Aqui

Sempre aqui





Um dia quando inventarem uma maquina que capta pensamentos vcs saberão o que se passa aqui.


Vai,volta, sente cada pedacinho das costas que encosta, massageia, chora, relaxa, interrompe. E passa, e base,e outra base, os ossos machucam as vezes, mas para ser uma base eles tem que ser fortes e rígidos para me agüentar,para agüentar tudo o que coloco nesse prédio.. melhor, edifício, não,buraco... mas o buraco não precisa de base, o que segura um buraco? As coisas que não tem base são sempre coisa intocáveis..mentira, a base familiar é tocável..depois passa a ser intocável.
A santa ceia é uma coisa de base,ali estão a base da sociedade tocável.. ó cristo, porque fizeste isso comigo, não t toquei e logo não me conformei com a sua historia...
Porque as coisas crescem para cima? Tem alguma ligação com Deus? Nós crescemos para cima, os prédios, os números... tem gente subindo a escada, e sobe como plantas, como pássaros,como aviões, como a Nasa.
Procuro minha base no outro corpo,o suporte físico do meu edifício, que já parece o Palace II, estou prestes a desmoronar por dentro, até onde posso subir pelas paredes sem demoli-las? A bola de aço contra a parede, o método mais grotesco de demolição de edifícios, ainda prefiro o dinamite, mas o prazer é muito instantâneo,muito menor que o lego, parecido com os castelinhos de areia na praia. Nunca fiz uma boa estrutura de castelo, acho que é aí que está me problema de base, nos castelos da minha infância, quando os castelos caíam... nunca fui insistente em deixá-los em pé,por isso nunca fui a princesa que ali dentro habitava. Mas sempre gostei de véus e fantasia.
Coloco no papel as amarguras de construir castelos tortos com véus coloridos.

O mundo de cabeça para baixo é interessante, não precisa seguir as regras...
Ponta pé, ponta, pé, pé ponta, calcanhar, pulo, pé vertical, pé vertical horizontal, homem aranha... gruda os pés na parede e caminha sem se preocupar com os ovos que estão embaixo esperando que sejam quebrados...não,não preciso mais pisar em ovos,posso seguir andando pelas paredes.

Pisar em ovos, a vida pode ser um eterno pisar em ovos se você não for um bom cozinheiro, afinal, se você pisa e os quebra pelo menos os aproveite num bolo, num omelete...
Cuidado com as receitas em que se separa a clara da gema, assim pisar em ovos pode ser mais difícil do que pisar em ovos.
Bem, receitas em que se separa clara da gema se faz da seguinte forma: pegue seu dedo do pé mindinho e quebre levemente a casca, assim o resto do procedimento será feito pelos dedões.
Não abuse dos pulos e saltos, assim não tirará proveito dos ovos quebrados...
Se preferir, bata tudo junto, ovos cascas e você... agora é só comer!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008


A minha vida é senão um boneco de posto. Só você me faz assim, com uns membros esvoaçantes e outros fincados no chão.

TESE


E se eu tivesse PARABRISAS ao invés de pernas? É claro! Tudo tem mais sentido! Pensamos no que é o parabrisas. Ele é senão um limpador da visão. E se nós, dependemos do caminho que escolhermos para só então continuar nossas vidas, é muito mais óbvio que um parabrisas seja mais útil que as pernas. Nós saberíamos completamente para onde estamos indo!

Sabe mobilidade?
Sabe os ossinhos que doem?
Sabe as unhas quando fazem barulho?
Sabe ansiedade?
Sabe quando você corta muito as unhas e tudo parece mais sensível?
Sabe anel?
Sabe que existe também para o pé?
Sabe esmalte? Sabe aqueles vermelhor ou renda ou café ou fosflorecente?
Sabe quando você escolhe um deles?

É sempre assim: ou você chega com a cor já escolhida (francesinha com uma mão de renda) ou você fica em dúvida (rebu com cadé ou quatro mãos de camilla). Aí você ques experimentar todos pra ver como fica. E a manicuri quer te matar, mandando você ir embora só com essa base sem graça (e sem limpar os cantinhos). E então você fica sem escolhas e então você vai embora só com a base borrada que deixa a pele dura e com cheiro forte.
Por isso você não quer mostrar pra ninguém! Usa luvas e sapato fechado (pra Curitiba não vai nada mal). E você decide não sair de casa, fica sozinha comendo pipoca - tudo por conta do rebu com café ou quatro mãos de camilla - e você fica em casa comendo pipoca, sozinha e assistindo tv. Hironicamente no canal 47 está passando "Alta Fidelidade" justo a cena do cigarro e a cheva. E você chora TORRENCIALMENTE. Decide passar o "rebu" nas unhas apáticas, pra ver se passa! Mas a única coisa que te resta é um batom vermelho a la CORINGA!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008


Cena 7:

As três atrizes estarão sentadas em uma cadeira giratória. Com botas de cano alto na altura da coxa na cor preta. E com uma saia que de um movimento e que de uma idéia de continuidade entre as três. Elas farão uma coreografia para brincar com a idéia dessas varias pernas, ângulos e direções. Na qual ira se encaixar o trecho seguinte (que ainda sofrerá alterações):

“Abre aqui! Não percebe que se você escolher fechar apenas um olho, verá uma miragem e não a realidade? Quem disse que eu não quero ver miragens? Cuidado, que uma parede pode querer se erguer. Não tenho medo de perder mais algumas janelas. Mas assim você vai acabar virando uma mula da lenda. Aquela que não tem cabeça! Hummmmmmmm!!! Você sabe como isso aconteceu? Será que ela bateu muitas vezes a cabeça até se desintegrar? Alguém arrancou, ou ela nasceu assim? Ou porque ela é do folclore e tudo que é do folclore tem defeito de fábrica, para me provar que o mundo é realmente concreto? Ih! Não sei, nunca soube, vou pesquisas!

Aaaaaaaaaaai! O que foi? Chutei uma pedra com a ultima pata. Acho que sangrou! Consegue ver? Ta tudo bem! Posso seguir? Sim, fale! Não, o caminho!!! Ah ta! “


Cena 6:

Nessa cena haverá cacos de vidro (nas cores verdes e transparentes) na frente do palco. Com uma luz lateral no chão. Os cacos formarão duas fileiras entre elas haverá uma pequena tabua na qual uma das atrizes atravessará com uma venda nos olhos. Simultaneamente outra atriz estará com uma maquina para medir diabetes furando as pontas dos dedos.

Essa cena vem de uma idéia já contida no texto. A aranha pode enxerga tudo menos onde pisa. A primeira prefere não saber do perigo que corre. Já a segunda é o sofrimento e se mutila.




Cena 5:


A pessoa da cena 4 entra em cena, ainda envolta pelo “super teia spray spider”, em uma cadeira de rodas. E dá o seguinte depoimento (que ainda sofrerá alterações):


“Minha mãe sempre disse que era proibido. E eu não ia, era proibido. E eu queria e era proibido. Era sempre assim, escola de manhã (seno a co-seno b seno b co-seno a) e almoço (tudo muito leve) e a tarde muita ginástica e treinamento:


1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8


1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8


E a noite:


E eu não ia. E era proibido. E eu queria. E era proibido.


E no outro dia:


Seno a Co-seno b


1 e 2 e 3 e 4


Seno b Co-seno a


Não ia/ Proibido/ Eu queria/ Proibido


Fui de mansinho de asa leve e no fundo, lá no fundinho:


VOCÊ ACREDITA EM AMOR À PRIMEIRA VISTA?


Eu sinto, foi de ambas as partes, pois ela imediatamente me envolveu, numa paixão tão completa e louca e fulminante que tudo em mim parecia imóvel. Eu queria estar cada vez mais perto, cada vez mais intenso, olhar nos seus olhos e sentir o coraçãozinho pulsar, num momento único.


EU HAVIA ME ENTREGADO COMO NA PRIMEIRA VEZ.


E então ela se aproximou e com seus olhos...


E então ela viu que eu já era todo seu...


E então ela foi me tomando pedacinho por pedacinho...


E então eu já estava dentro dela, completamente.


PERDIDAMENTE


E daqui de cima eu entendo que, na verdade, ela está, e sempre esteve de olhos e coração fechados.


ASS: Mosquitinho apaixonado”



Cena 4:

Estão em cena as três atrizes. Entra mais uma pessoa (um convidado, talvez). Ela é totalmente envolta com “teia spray” pelas atrizes. Após estar completamente envolta, ela sai se cena. Próxima cena.


Cena 03:

Num sonho da aranha, (o que dá impressão de sonho é uma luz avermelhada que torna o palco mais escuro, sendo usado um pouco de gelo seco também, para reforçar a idéia), aparece a aranha num restaurante, de óculos escuros, entregando um pacotinho para o garçom. Em seguida, chega seu convidado e senta à sua frente. O garçom volta, trazendo o prato numa bandeja com tampa. Ao chegar para servir, tira a tampa da bandeja e lá está um prato de espaguete com almôndegas e os olhos que apareceram na cena anterior, e ela dizendo que agora pode se apaixonar.


Cena 01:

A voz (microfone), descreve em blackout uma dança da mulher dos sonhos dele, essa mulher é uma bailarina que dança com os braços suaves, fazendo valsinhas e a cabeça se deixando levar pelo corpo. Quando a luz volta, aparece a aranha tentando serrar algumas de suas pernas para ser a bailarina descrita pela voz, possuindo apenas duas perninhas.

Cena 02:

Na seqüência a voz briga com ela, por que isso não se faz, e ela vai ficando decepcionada, até que aparece um som de vidro quebrando, uma luz nos cacos de vidro quebrados no chão que refletem nela, essa iluminação dá a impressão de que ela está despedaçada como um quebra cabeça. Blackout. Aparecem os cacos de vidro no chão e dois olhos, uma pessoa vem com uma vassourinha e uma pá para varrer os pedaços.


Hoje falaremos da nossa companheira, sim ela. Essa criatura perigosa. Ela que se finge de morta e se esconde, bem, enfim... Vamos falar de nossa querida aranha. Nossa companheira como todos sabem pode ver muitas coisas. Porem uma coisa eu posso afirmar.

Nossa querida companheira tem uma franqueza. Ou vocês pensam que ela é imortal? Sim ela tem franquezas.

Olhando-a soberana, vocês não diriam isso, não é? Mas eu sei que, apesar de ter até oito olhos (dependendo da espécie), nossa querida colega não enxerga tudo. Mesmo estando com todos os seus olhos abertos, ela não vê tudo. Uma coisa tão próxima que nem consideráramos. Ela não vê o chão. É, o chão. Eu sei você nunca tinha parado para pensar nisso antes. Até faz sentido que não, mas eu já.

Porém, não pense isso como uma bobeira qualquer. Pense que ela não sabe onde pisa.


De repente viro com o meu cefalotórax para cima. Sinto que sou completamente frágil, minhas patas não possuem força para afastar o urso que veio me amedrontar, veneno onde?

Se foi. Não consigo ver meu tórax, muito menos meu órgão sexual, onde está meu canal de prazer, mão me toco porque não sei onde fica, precisaria de patas elásticas para me fazer uma cosquinha. A vida de cabeça para baixo é tão desinteressantes quanto a vida de cabeça para cima, meus pensamentos é que ficam próximos do chão, meus pés é que ficam próximas das estrelas, pelo menos não caio, corpo e pensamento dissociados entre o céu e a terra, a terra engole meus pensamentos, de acabar com o mundo. Os pés conversam com os anjos pelados que pedem permissão para descer, aqui na terra seu órgão sexual vai ser coberto por uma caixa com o selo dos correios e mandado para outro lugar, aqui não pode o órgão se mostrar bonito e com vontade, só dentro da caixinha.

Me vire, o mundo se destruirá em 1 minuto. Alguém me vire senão a terra vai querer brincar de dominó, e eu não quero porque esse jogo é muito antigo. Quero poker na Internet e meus amigos virtuais.


Lado neutro, obscuro, existe porque sinto presente nas articulações, no tecido epitelial. Mas do que há na escuridão do olho fechado? Medo.

360°: Aqui está. Não tem nada. Posso seguir. Para frente. Para a direita. Ahhhhhhhhhhhhhh!!!! Um pé!

360°: Meus reflexos demoram 180°.

Medo (ao quadrado).

360°: o lado oposto. O corredor escuro. Penumbra.

360°: Corredor claro.

Já não sei contar os graus, degraus. Degraus na fenda do chão. Ruído. Toc! Toc! É uma batida ou a pata que se movimentou sem que eu tenha visto. Pé. Corrida. Vejo o vão da porta que me serve como saída de emergência. Quantos graus para sair por ela?

Qual é o grau de complicação de ser caolho?

Menos alguns olhos? Tantos olhos não me definem quantos graus para a saída. Tudo bem, a saída é grande. De tantos a tantos graus escapo do pé que insiste em me pisar! A cada lajota, uma nova rua. A cada rua, um novo mundo. Meus olhos me mostram ruas. Umas que se misturam com outras e outras tão distantes uma das outras, mas todas juntas, visivelmente juntas aqui. Quero uma apenas. Fecho, fecho, fecho. Onde está o semáforo que estava agora mesmo nessa rua?

Pééééééé (alarme)

Abre aqui! Não percebe que se você escolher fechar apenas um olho, verá uma miragem e não a realidade? Quem disse que eu não quero ver miragens? Cuidado, que uma parede pode querer se erguer. Não tenho medo de perder mais algumas janelas. Mas assim você vai acabar virando uma mula da lenda. Aquela que não tem cabeça!

Hummmmmmmm!!! Você sabe como isso aconteceu?

Será que ela bateu muitas vezes a cabeça até se desintegrar?Alguém arrancou, ou ela nasceu assim? Ou porque ela é do folclore e tudo que é do folclore tem defeito de fábrica, para me provar que o mundo é realmente concreto?

Aaaaaaaaaaai!

Ih! Não sei, nunca soube, vou pesquisar!

O que foi?

Chutei uma pedra com a úlima pata.

Acho que sangrou!

Consegue ver?

Ta tudo bem!

Posso seguir?

Sim, fale!

Não, o caminho!!!

Ah ta, tchau!


Minha mãe sempre disse que era proibido. E eu não ia, era proibido. E eu queria e era proibido. Era sempre assim: escola de manhã (seno a cosceno b seno b cosceno a) e almoço (e tudo muito leve) e a tarde muita ginástica e treinamento: 1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8 1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8 E a noite: E eu não ia E era proibido E eu queria E era proibido E no outro dia: Seno a Cosceno b 1 e 2 e 3 e 4 Seno b Cosceno a Não ia/ Proibido/ Eu queria/ Proibido Fui de mansinho de asa leve e no fundo, lá no fundinho: VOCÊ ACREDITA EM AMOR À PRIMEIRA VISTA? Eu sinto, foi de ambas as partes pois ela imediatamente me envolveu, numa paixão tão completa e louca e fuminante que tudo em mim parecia imóvel. Eu queria estar cada vez mais perto, cada vez mais intenso, olhar no seus olhos e sentir o coraçãozinho pulsar, num momento único. EU HAVIA ME ENTREGADO COMO NA PRIMEIRA VEZ. E então ela se aproximou e com seus olhos... E então ela viu que eu já era todo seu... E então ela foi me tomando pedacinho por pedacinho... E então eu já estava dentro dela, completamente. PERDIDAMENTE E daqui de cima eu entendo que, na verdade, ela está, e sempre esteve de olhos e coração fechados. ASS: Mosquitinho apaixonado


Eu queria ser cega!

Eu queria ser cega dos olhos!

Eu queria ser cega dos olhos e da memória!

Eu queria ser cega do coração!

Porque não? (eco)

Porque não? (eco)

Voz: Porque não, oras!

Eu só queria ter um amor, amorzinho... Pra poder dormir de conchinha no inverno!

Voz: O inverno já passou!

Só se for pra você... É tudo tão difícil... Eu nunca, nunca consigo amar alguém, eu sempre tento, tento e tento mas é aquele detalhezinho que sempre me incomoda... Que finjo não ver... Mas vejo!

Voz: O problema é que você vê no escuro!

Cala a boca... Me deixa em paz

(Silêncio)

Porque não? (eco)

Porque não? (eco)

(ela chora dias e dias a fio, passa a chuva, passa o sol e passa a vontade de fiar)

Voz: O problema é que você vê no escuro!

Mas eu tento, eu juro que tento. Eu fecho todos os meus olhinhos e abro só um ou dois pra transmitir sinceridade... Mas... Mas... Mas é justo esse olhinho aberto que vê o defeito!!! A barba mal feita, o cabelo despenteado... Humpf!!! Eu queria ser cega, sabia?

Voz: O problema é que você enxerga no escuro!

Ah! Você não sabe de nada!!!

Voz: O problema é que você vê no escuro, você enxerga com o coração!

Como assim? Meu coração tem olhos????

Voz: seu coração enxerga no escuro, no claro, no obscuro e no iluminado...

Mas eu não quero que ele enxergue

(continuação: ela se apaixona pela voz, pois não consegue vê-la)

ESTA PEÇA - A OUTRA


Esta peça é sobre caminhos, é sobre andar por eles e com olhos e não com pés...
Esta peça é sobre ângulos e medidas: 1 xícara de imagem a cada 10 possibilidades
Esta peça é sobre o que você quiser! É sobre o que a sua imaginação escolher. Ésobre cada caminho que nossos olhos percorrem...
Esta peça é sobre mim, sobre você, sobre o catador de papel lá fora!
É sobre o catador de papel que levou naquele rascunho uma visão do poeta, uma caminho do leitor, um papel para reciclagem.
Esta peça é sobre a capacidade de chorar ou capacidade de rir ou de fazer tudo ao mesmo tempo...
Esta peça é sobre fechar os olhos...
Esta peça é sobre abrir os olhos...
Esta peça é sobre piscar!!!
Eu pisco, Tu piscas, Ele pisca.
Esta peça é sobre a necessidade de ser EU, VOCÊ e TODOS NÓS.
Esta peça é sobre SOBRETUDO tudo.

eu não sei o que dizer....

essa peça é tudo que eu quero e tudo que eu acredito....

agora..depois do baque, eu consigo pensar mais, e me inspirar, e eu percebo que nosso trabalho vai por esse caminho de idéias.. mesmo... só tem essa organização com elas... sacou?

quero te ver hoje, amanha e depois.. quero falar sobre essas coisas..

por favor..

que dia?????

quero falar com você, da peça, quero falar com a peça de você.. quero você e ponto.

Essa peça é sobre ser sublime, sobre ser grotesco.

Essa peça é sobre finais trágicos. ou sobre finais patéticos. comédia bufa!

Essa peça é sobre peças e por baixo delas.

Essa peça é vem do meio da roda da bicicleta.

Essa peça é pra que você peça ou reinvindique a tua presença na tua vida.

Essa peça é sobre entrar e sair. E entrar. E sair.

Saia, e caia na gandaia.

A sua mente novamente.

amiga, essa peça é sobre algo que ainda nao sei dizer o que é, mas q tirou nao apenas meu chao mas os meus orgaos do lugar, mexeu comigo a ponto de eu querer fugir das outras pessoas,um estado de completo reconhecimento de mim mesma. Nunca uma atriz me teve tanto em suas maos qto aquela mulher vestida de azul, ela podia fazer o q quisesse comigo pq eu era inteiramente dela, corpo, alma, energia, e tudo o q venha ser eu. Não sei como esas coisas acontecem mas ontem vi q acontece, tirar do lugar comum é isso, hj sou outra, e ainda estou me refazendo do turbilhao que passou por mim, será q é isso q o artaud fala da peste? Me senti completamente invadida pela peste... nunca vi atores mais do q a vontade em cena, sem cartas na manga, desnudos ali, inteiros tomando cada parte de mim.. me deixando imovel... não sei o q aconteceu, mas algo mto grande aconteceu, e não tenho como dizer outra coisa a nao ser estou completamente apaixonada pela magica apresentada diante meus olhos, isso é teatro??? pois é isso q quero... bjs amiga sei do q esta falando!